DICA DE MESTRE
A Dica de Mestre deste mês traz um pequeno texto
de Carlos Drummond de Andrade, denominado Definitivo.
Nesse texto, temáticas tão presentes em nossas
vidas são abordadas: sonhos frustrados, ansiedades, irrealizações...
E por que este texto?
É certo que cada um de nós, um dia ou outro, já
passou por tais situações, sendo também correto inexistir uma fórmula pronta
para a superação desses momentos.
Portanto, apesar do conselho do escritor, “iludir-se
menos e viver mais”, ser, quiçá, um bom conselho, cabe a cada um buscar a
melhor forma de superar obstáculos da vida e, principalmente, a si mesmo, as
próprias dificuldades.
As situações difíceis trazem consigo um
aprendizado. Difícil é, muitas vezes, conseguir compreender o que a vida nos
quer dizer... Mas no final, como já se diz, tudo se ajeita, tudo dá certo.
Vamos ao texto:
“Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém
das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi
desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas
as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não
conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não
tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter
compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela
eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga
pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por
todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia
sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está
sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas
aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não
sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou
em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável,um
tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é
simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da
vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência
egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a
felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional...”
Desejamos a vocês, caros leitores, um doce novembro, não como o do filme, mas
um mês completo daqueles três “Fs”: foco, força e fé!
Nossa... excelente texto!
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